domingo, 28 de fevereiro de 2016

A FORÇA DO PILATES

Benefícios do Pilates

O método começa a ser indicado por médicos e ganha espaço dentro dos hospitais para auxiliar na recuperação de males como dor, câncer e doenças neurológicas.


No mundo do fitness, a explosão de novas modalidades é uma constante. Mas, normalmente, com a mesma velocidade com que surgem, elas desaparecem após poucos meses. Quando resistem, tornam-se aqueles fenômenos que mudam a história da malhação e a maneira como enxergamos a atividade física. Foi assim com o surgimento da aeróbica, com a expansão da musculação e assim está sendo com o Pilates. Criado pelo alemão Joseph Pilates durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o método rapidamente caiu no gosto dos bailarinos, que o usavam como complemento ao treino. Mas foi só a partir da década de 90 que se popularizou, atraindo milhares de adeptos em todo o mundo e tornando-se a maior revolução do fitness dos últimos anos. Só nos Estados Unidos, primeiro país a receber um estúdio com aulas da modalidade (ministradas pelo próprio Pilates em Nova York), estima-se que cerca de dez milhões de pessoas o pratiquem. No Brasil, não há dados precisos, mas o crescimento pode ser observado pela grande quantidade de estúdios e de pessoas que se confessam fãs do Pilates. A rápida percepção dos resultados incentiva cada vez mais gente a aderir à técnica E Isso faz do Pilates o método de condicionamento físico que mais ganha adeptos no mundo.
As razões para se buscar o Pilates são as mais variadas. Há desde os desejosos de esculpir o corpo (inspirados por celebridades como a cantora Madonna, que credita parte de sua boa forma à técnica) até os interessados em exercícios capazes de ajudar na prevenção ou na recuperação de problemas como dores e lesões. Como anseios tão diferentes cabem dentro de um mesmo método? Pilates se preocupou em criar uma técnica que trabalha a saúde como um todo. O corpo torna-se mais forte, flexível e resistente. Na parte mental, os exercícios melhoram a concentração e a memória. E o trabalho com a respiração ajuda no controle das emoções.
A abrangência das lições deixadas por Pilates chama mesmo a atenção. Vem de uma preocupação constante que guiou o seu trabalho: imprimir ciência à técnica. Toda a metodologia de Pilates parte do conceito de “centro de força” (ou power house). O termo, por ele criado, define a região central do corpo humano. São os músculos da coluna, do quadril, das coxas e do entorno do abdome. Eles são os flexores e extensores da coluna e do quadril e estão na musculatura profunda da pelve. De acordo com os princípios preconizados por Pilates, fortalecer essa região é a melhor maneira de garantir uma boa sustentação para o corpo humano.
Ao compreender o trabalho muscular realizado durante os movimentos, Pilates criou exercícios e aparelhos capazes de estimular os músculos, inclusive os mais profundos e em geral pouco acionados no cotidiano. Os resultados são tão impressionantes que têm ocupado o tempo dos cientistas. Parte deles está especialmente interessada em levantar mais do que transformações corporais que o método pode proporcionar. Querem conhecer as suas possíveis indicações terapêuticas. E o que se descobriu até agora é alentador. Um exemplo: trabalhos demonstram que a técnica pode ser eficaz para a redução das dores, com efeitos animadores em casos de dor lombar e de fibromialgia (dor crônica sem origem aparente, mais comum em mulheres, e sentida em vários pontos do corpo). Um dos estudos pioneiros foi feito no Departamento de Medicina do Esporte e Reabilitação do Instituto Ortopédico Gaetano Pini, na Itália. Os pesquisadores recrutaram 43 pacientes com dor lombar. Parte deles fez Pilates, enquanto os demais foram submetidos ao tratamento da Escola da Coluna (método fisioterapêutico criado na década de 60). Ao fim de dez dias, quem praticou Pilates teve ganhos similares aos da fisioterapia tradicional, mas com uma vantagem: estava muito mais contente. Entre os que tiveram aula de Pilates, 61% declararam-se muito satisfeitos com a terapia, contra 4,5% entre os que foram submetidos à outra técnica.
crianças, hospitais
Corrobora com o trabalho italiano a revisão proposta pelo fisioterapeuta Edward Lim, do Hospital Geral de Cingapura – a primeira sobre o tema. Lim reuniu sete pesquisas de diversas partes do mundo. Todas sobre o efeito do Pilates em pacientes com dores na parte inferior da coluna. A conclusão: o método é realmente válido para tratar o problema. “Mas os exercícios precisam ser estruturados para atender aos variados quadros clínicos dos pacientes”, disse Lim em entrevista à Revista ISTOÉ.
Como o que ocorre com a dor lombar, o uso da técnica para casos de fibromialgia também vem ganhando respaldo científico. Em especial após a divulgação dos primeiros resultados de uma pesquisa realizada na Universidade de Uludag, na Turquia. A equipe acompanhou 50 voluntárias durante 12 semanas. Divididas em dois grupos, metade das mulheres frequentou aulas de Pilates e as demais foram orientadas a praticar exercícios de relaxamento e alongamento em casa. Enquanto o primeiro grupo relatou melhoras significativas na dor, o segundo teve alterações positivas bem pequenas.
As comprovações têm encorajado médicos a indicar a técnica a seus pacientes. O Médico traumatologista e ortopedista Alberto Mendes em entrevista à Revista ISTOÈ declarou: “É um recurso muito útil, em especial nos casos de dor nas costas sem causa específica”, “Além do alongamento e do equilíbrio postural, o Pilates faz um trabalho de fortalecimento muscular muito positivo, pois ajuda na sustentação da coluna”. O reconhecimento da importância do método também pode ser medido por sua incorporação pela fisioterapia como declarou Wiron Correia Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Fisioterapia em entrevista: “Temos uma resolução que ampara o fisioterapeuta no uso do Pilates como recurso terapêutico”.
Osvandré Lech, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia, que também indica o método explica: "A chave para entender esses benefícios está em um dos fundamentos preconizados pelo alemão Pilates: o equilíbrio. “Quando as cadeias musculares estão em equilíbrio, há redução da dor”.
Pessoas em busca de redução da dor já formam um grupo comum nos estúdios. Em 80% dos casos, os alunos procuram o Pilates com esse objetivo e parte deles chega às aulas por conta própria. A outra, por recomendação médica.
O fluxo de pacientes dos consultórios para os estúdios tem inspirado outra tendência: a oferta de Pilates dentro dos próprios hospitais. Nos Estados Unidos, A Clínica Mayo, centro de referencia médica mundial observou os benefícios do método para pessoas doentes e delineou através de uma pesquisa o crescimento da aderência ao Método Pilates de pacientes que tiveram câncer. Em seu estudo com 15 voluntárias durante 3 meses, observou melhoria dos movimentos no lado do corpo afetado pela doença, assim como maior flexibilidade e também melhora no humor e na satisfação com o corpo.
Outra instituição a oferecer aulas é o prestigiado M. D. Anderson Cancer Center, também nos Estados Unidos. Por lá, pacientes que têm ou tiveram tumor de mama podem usufruir de uma aula por semana, indicada para ajudar no controle dos sintomas, como dor e fadiga. Na Suny Upstate Medical University, em Siracusa (EUA), as indicações são mais amplas. Karen Kemmis, fisiologista do exercício e responsável pelo serviço explicou em entrevista que o método é utilizado para ajudar na reabilitação de pessoas com problemas músculo-esqueléticos, "se alguém, por exemplo, sofre com dor no ombro e minha avaliação mostra que essa pessoa não tem um bom controle do movimento nessa região, usamos o Pilates para melhorar os padrões de movimento, prevenindo a ocorrência de mais prejuízos na área”. No centro americano, o método é utilizado ainda para auxiliar na reabilitação de portadores de doenças neurológicas. Entre eles estão indivíduos com doença de Parkinson e que sofreram acidente vascular cerebral, Nesses casos, além de contribuir para a melhora de movimentos prejudicados, estimula a habilidade de concentração.
Reabilitação
A tendência de implementar estúdios em hospitais já começa a ser vista também por aqui. Exemplos são os hospitais Brasil, Integrante da Rede D’Or, e Albert Einstein.
O Hospital Albert Einstein (SP) que atende em média 20 pessoas por mês, utiliza como continuidade do tratamento ortopédico em pacientes que tiveram alta e afirma que o Método Pilates é uma atividade segura, que preserva bastante as articulações. A equipe do Hospital responsável pelas aulas é formada apenas por fisioterapeutas. 
O Hospital Brasil também em SP trabalha de forma interdisciplinar aliando o tratamento médico ao fisioterapêutico com o Método Pilates.
No Rio de Janeiro, a técnica está na lista das atividades sugeridas pela Clínica Cardiomex, coordenada por médicos especializados em medicina do esporte e cardiologia, que afirmam que entre outros benefícios, o Método é capaz de reduzir o estresse.
Mas não só o uso clínico do método tem merecido atenção dos cientistas. Responder a perguntas ainda não esclarecidas na área do fitness também é objeto frequente das pesquisas. Quem busca o Pilates apenas como uma forma de malhação vê na prática um modo de ganhar força e flexibilidade. E, claro, melhorar a definição da área abdominal. Mas será que isso pode mesmo ser atingido? De acordo com os pesquisadores que têm se dedicado a estudar a prática, sim. E a boa notícia é que os resultados aparecem pouco depois das primeiras aulas. Foi a conclusão à qual chegaram pesquisadores do Centro de Saúde da Turquia. Ao acompanhar um grupo de 38 mulheres sedentárias, eles perceberam que cinco semanas após o início das aulas o corpo já respondia aos estímulos dados pelos exercícios. Nas 21 voluntárias submetidas à técnica houve aumento da força nos músculos abdominais e melhora na flexibilidade. Pesquisa semelhante realizada na Universidade do Estado do Colorado (EUA) constatou esses mesmos ganhos entre voluntários de meia-idade. A coordenadora do trabalho, June Kloubec,  notou no estudo que os benefícios foram percebidos com a prática de exercícios de intensidade relativamente baixa, que podem ser realizados sem aparelhos.
Também em pesquisas, o Colégio Americano de Medicina do Esporte observou que o Método Pilates pode ser um aliado à perda de peso quando associado a reeducação alimentar e atividades aeróbicas. Segundo a pesquisadora americana, Pilates é um treino de força e resistência e se a pessoa quer queimar calorias, o melhor é associar técnicas aeróbicas como corrida ou spinning. Isto é, Pilates pode ajudar a emagrecer e ao começar a praticar, o aluno percebe mudanças positivas no corpo, como força, alinhamento postural, menos dores,  sua autoestima aumenta muito, o que é fundamental para iniciar um programa de emagrecimento.

Conheça o método e aproveite seus benefícios para a saúde e bem estar!

Dra. Luciana Passos
Fisioterapeuta







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