Um dos maiores pesadelos das mulheres são os temidos furinhos da celulite. Apesar de parecer apenas uma questão estética, a celulite é capaz de causar fortes impactos na auto-estima e na qualidade de vida das mulheres, tanto que todos os dias milhares de pessoas discutem e questionam sobre o que é que realmente funciona para acabar ou, pelo menos, minimizar este problema. O mais importante é saber que não existem métodos milagrosos para acabar com a celulite, o que existe são métodos variados que incluem combinações de tratamentos estéticos, massagens, alimentação adequada, atividade física entre outros.
Para combater a celulite é necessário descobrir primeiro qual o tipo de celulite será combatido, depois é só escolher o método de tratamento mais indicado e eficaz.
O que é a celulite?
O fibro edema geloide (FEG), popularmente conhecido como "celulite", é uma afecção provoca deficiência na circulação sanguínea e linfática, hipotonia muscular freqüente. É causado pela infiltração edematosa e reação fibrótica do tecido. Sendo assim o FEG pode ser considerado um processo inflamatório e espessamento das capas subdérmicas da pele. O processo da celulite se manifesta de formas variadas como por exemplo nódulos e placas extensas no local atingido.
Como se forma a celulite?
A celulite surge devido a um mau funcionamento dos adipócitos, que retêm um maior teor de lipídios, diferentes e alterados e que estimulam a retenção de líquidos, levando assim ao aumento de volume da célula, gerando compressão dos vasos e comprometendo a circulação sanguínea. Além disso, o rompimento das fibras de colágeno e elastina, responsáveis pela sustentação da pele, levam ao inestético aspecto da pele característico da celulite.
Classificação da celulite
A celulite pode ser classificada em quatro graus ou fases de acordo com a histopatologia e mudanças clínicas do quadro.
Classificação quanto aos graus:
Grau I: É quase imperceptível e não apresenta nenhuma alteração clínica. A avaliação histopatológica pode demonstrar aumento da espessura areolar, aumento da permeabilidade capilar, microhemorragias por diapedese, ectasia capilar e microaneurismas fusiformes dentro das vênulas pós-capilares.
Grau II: Percebida apenas durante a contração muscular e ação gravitacional. Há uma palidez e temperatura e elasticidade diminuída. Há também histopatologicamente, hiperplasia e hipertrofia periadipocitária associadas com a dilatação capilar, microhemorragia e um aumento da densidade da membrana capilar.
Grau III: Forma-se um acolchoado na pele ou um aparecimento da “casca de laranja” que é visualizado mesmo que em repouso. Há sensação palpável de pequenas granulações nos níveis profundos; dor para palpação; elasticidade diminuída; palidez e temperatura diminuída. Histopatologicamente há: dissociação e rarefação dos tecidos gordurosos devido à nova formação de fibrilas de colágeno, seguido por encapsulamento de coleções pequenas de adipócitos degenerados, enquanto são formados micronódulos; esclerose e engrossamento da camada interna; dilatação de vênulas e pequenas veias; formação de numerosos microaneurismas e hemorragia dentro do tecido gorduroso; neoformação de vasos capilares; obliteração da borda entre a derme e tecido subcutâneo, seguido por um aumento no volume dos micronódulos gordurosos que são usualmente disformes; e esclerose com inclusão de adipócitos dentro do tecido conjuntivo da derme profunda.
Grau IV: Há as mesmas características do grau III com nódulos mais palpáveis, visíveis e dolorosos, aderência nos níveis profundos e um aparecimento ondulado óbvio da superfície de pele. histologicamente, o tecido gorduroso lobular estrutural desaparece e alguns nódulos são encapsulados através do tecido conjuntivo denso.Há ainda lipoesclerose difusa (seguida por alterações microcirculatórias importantes), telangiectasias, microvarizes e varicosas, e atrofia epidérmica completamente á imagem microscópica.
Classificação quanto ao tipo:
Duro: Ocorre mais frequentemente em pacientes jovens, com atividade física regular e boa tonicidade do tecido.
Flácido: Significa que houve um colapso do sistema de sustentação conjuntivo, caracterizado pela ruptura do ácido hialurônico, acometendo, principalmente, pessoas sedentárias, sendo mais freqüente após a terceira década e mais comum em mulheres inativas que perderam pesos rapidamente. Clinicamente observa-se que a pele "sacode" com os movimentos e a aparência muda conforme a posição.
Edematoso: O sinal da casca de laranja é precoce e acomete mulheres jovens que fazem uso de anticoncepcionais.
Misto: É caracterizado quando temos fibro edema gelóide duro em uma área associada à flacidez em outra.
Porque o sexo feminino é mais atingido:
As mulheres são mais atingidas pelo FEG devido ao fato de terem duas vezes mais células adiposas que o homem. O surgimento pode acontecer após a puberdade, em função das alterações hormonais ocorridas nesse período. A falta de exercício físico diminui a capacidade circulatória, diminuindo a drenagem e a oxidação de toxinas. Médicos afirmam que na fase pré-menstrual é comum ocorrer à retenção de água e ganho de peso. E que a retenção de líquido pode ser devida a uma falta relativa da progesterona do ovário e uma maior produção de hormônio antidiurético (HAD) pela glândula pituitária posterior.
Como escolher o tratamento?
Com a avalanche de opções em tratamentos estéticos, fica cada dia mais difícil de escolher o mais eficiente. O mais importante é fazer uma avaliação com o fisioterapeuta e definir seus objetivos no tratamento. O tratamento da celulite deve reunir mais de uma técnica e ter frequência. O método mais utilizado é o ultrassom estético associado a massagem estética modeladora. O ultrassom estético tem a capacidade de aumentar a circulação tissular e melhorar a drenagem de substâncias irritativas tissulares. Já a massagem auxilia na mobilização do tecido, estimulação de fibras de colágeno e modelamento do tecido. As duas técnicas quando associadas à cosmetologia, hábitos alimentares saudáveis e prática regular de atividade física são muito eficientes no tratamento, reduzindo visivelmente o aspecto da celulite.
Dra. Luciana Passos
Fisioterapeuta
REFERÊNCIAS
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